O show, iniciado quase que sem a pausa do bate-papo, foi pontuado por ótimos e grandes momentos. Os temas instrumentais, todos de grande beleza e riqueza melódica sem igual, tinham como tônica central homenagens às suas maiores influências e canções compostas ao logo dos 50 anos de carreira. O "acerto de contas" com o pai, "Rádio Nacional" (Guinga) e "Despedida do Garoto" (Guinga) arrancaram suspiros de profunda emoção. "Você, você (canção edipiana)" (Guinga e Chico Buarque hipnotizou todas/os por letra (bela) tão simplesmente exposta na crueza dos acordes do violão, assim como "Bolero de Satã" (Guinga e Paulo César Pinheiro), sucesso, por exemplo, na voz de Elis Regina (1945-1982). As participações especiais, como a de seu filho Ian, revelaram talentos promissores. Aliás, para quem completa meio século de história na música, a generosidade e humildade de Guinga são alento em meio à superficialidade e liquidez que então vigoram. O encerramento acompanhado de um coro quase uníssono da plateia sob o entoar de "Carinhoso" (Pixinguinha), não condiz com quem, segundo o próprio, não faz sucesso. Tudo é coisa musical ("Chá de panela", Guinga e Aldir Blanc), mestre. Sua irmã mais velha pode se opor a esse seu abrir demais o coração, mas o mané fogueteiro (Braguinha) que mata um leão ao subir ao palco, canta a Rosa e o amor do Zé Boticário faz só brotar lágrimas quentes nos olhos azuis de seus/suas ouvintes. Música é coisa que "avoa". Você tem é opinião, e será sempre respeitado por isso.
Foto: Cyntia C. Santos
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