A entrevista de Rita Lee ao jornalista Pedro Bial para a segunda edição de "Conversa com Bial", ida ao ar já na madrugada de 4 de maio, revelou entre dramas exorcizados e gargalhadas de besteiras uma vez - ou várias, vai saber? - realizadas na vida a satisfação de ter sido quem foi, apesar e com o passado de dor - pois fazer rock com ovários e útero para fora irrita muitos boys-lixos machos e fofos -, ter feito tudo o que queria fazer, ou não, e principalmente, ter inspirado outras tantas Ritas, Marinas, Anas Carolinas e Joanas a se libertaram de uma vida vulgar de sombras. E silêncio.
Rita Lee é História, histórias de mulheres outrora tombadas em batalha e vingadas com o triunfo de outras. Histórias escritas a sangue, lágrimas, dor e útero. Histórias de útero. Ancestralidade. Ela é todas, tantas, uma só, nenhuma mulher. Várias histórias. Uma história, a sua. Para quem não é da teoria e só da ação, Rita é mais feminista que imagina. Feminismo é ação, e esta é das mulheres que mais agiu em prol de outras de si/nós e mais gritou nossa dignidade.
Como a fofa, divina, maravilhosa e personagem que é, ainda deixou no ar a possibilidade de um disco de composições inéditas em demo. "O santo só baixa em demo". Aposentada dos palcos, Rita marcou um golaço na história da música deste país de esgotos, e escrotos, políticos, misóginos (sempre) traidores, e continua marcando. Sim, ela continua fazendo um monte de gente feliz.
Foto: reprodução (frame extraído por Mauro Ferreira)
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